9 de nov. de 2010

Volta da CPMF seria 'trágica', diz ex-presidente do BC

O economista e ex-presidente do Banco Central Gustavo Franco afirmou nesta terça-feira (9), durante o seminário Brasil Summit, em São Paulo, que a volta da CPMF seria “trágica” para o Brasil.

“Seria trágico. Isso não foi debatido durante as eleições, ninguém avisou que essa seria a primeira medida. Traria já de cara a falta de capacidade gerencial do governo para cortar gastos”, afirmou Franco.

A possibilidade de recriação do imposto extinto em 2007 retornou ao noticiário depois de uma declaração da presidente eleita sobre o tema. Dilma Rousseff afirmou que há "uma pressão" de governadores para que seja compensado o fim da CPMF e que está disposta a negociar com eles. Mas afirmou que não pretende tomar a iniciativa de enviar uma proposta de novo tributo para o Congresso Nacional.

Franco participou do evento em debate ao lado do economista Ilan Goldfajn, do Itaú Unibanco, e de Luiz Carlos Mendonça de Barros, quando destacaram que sanear os gastos públicos é necessário para garantir um crescimento econômico sustentável da economia.

Para o ex-BC, a política fiscal do governo foi “frouxa”nos últimos anos, e a inflação só se manteve em níveis controlados às custas de juros altos. “Não confiamos na política fiscal agora e não sabemos se ela continuará sendo a mesma de seis anos atrás. Quanto mais aumentar o gasto fiscal, mais juros nós teremos", afirmou Franco.

Dólar fraco
Na avaliação de Franco e Goldfajn, a depreciação do dólar, embora gere dificuldades para o Brasil como a dificuldade nas exportações, é positiva para a economia global.

“Os economistas sempre reclamaram que os Estados Unidos tinham um déficit muito grande, crescente. E agora que a moeda deles está desvalorizada, eles vêem isso como um problema”, diz Franco.

Sobre o encontro do G20 em Seul, que começa na quinta-feira e que deve ter a recuperação econômica no foco das discussões, Franco disse esperar um saldo de discussões úteis, mas não soluções.

Na semana passada, o Federal Reserve (Fed, banco central americano) decidiu injetar US$ 600 bilhões para sustentar a recuperação da economia americana, medida severamente criticada por seus parceiros comerciais, que acusam o país de forçar a desvalorização de sua moeda.

Para Goldfajn, os países terão que se ajustar a uma nova realidade de dólar enfraquecido, mas que poderá ser menos custosa e mais sustentável. “O dólar fraco é o que o mundo precisa. Vamos deixar a moeda depreciar, isso vai tornar o mundo mais sustentável", disse ele, destacabdi que muitas nações que se acostumaram a ter reservas em dólares graças ao déficit de pagamentos americano, como o Brasil, terão que aprender a viver em um mundo em que os EUA terão contas mais equilibradas.

"Temos moedas mais fortes e superávits menores", analisou.

Fonte: G1

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